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Noviactual

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No mês em que se assinala o dia Mundial da Luta contra o cancro da mama, a Liga Cabo-verdiana Contra o Cancro - LCCC - realiza mais uma edição de Outubro Rosa. A finalidade é a prevenção através do diagnostico precoce.

 

Todos os anos, a liga escolhe uma zona para a realização das atividades do outubro rosa. Este ano escolheu a Zona de Ribeirinha.

 

O cancro da mama afeta milhares de mulheres em todo o mundo. Quando detetado precocemente, a doença, tem grande chance de cura. Por isso a Liga Cabo-verdiana Contra o Cancro - LCCC - sensibiliza a comunidade em especial as mulheres pela importância do diagnostico precoce do cancro da mama. 

 

Ao contrario do que muitos pensam, o cancro da mama é uma doença que afeta não apenas mulheres mas também os homens.

 

A LCCC tem vindo a realizar, durante este mês, várias ações, com vista a alertar a população pela causa. Motivo mais que suficiente para uma conversa com a Presidente da Liga, em São Vicente. A Dr. Conceição Pinto falou da importância do diagnostico precoce, da autoavaliação, da informação, de uma vida saudável e dos fatores de risco.

 

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Outubro Rosa, já vai na sua 10 edição. A presidente da LCCC explica os objetivos e a necessidade de sensibilização para as necessidades de insistir na informação, formação e sensibilização para os perigos do cancro da mama.  

 

O objetivo é reforçar a sensibilização da população, sobre a problemática do cancro da mama. É mais difícil prevenir o cancro de mama, por isso estamos a sensibilizar a população, sobretudo as mulheres para o diagnostico precoce. 

A mulher deve dar atenção as suas mamas. Fazer autoavaliação, acima de tudo se aparecer qualquer coisa deve dirigir-se as estruturas de saúde. Porque muitas vezes ao encontrar alguma coisa, a mulher fica em casa com receio, com medo para ver o quê é que vai acontecer. Estamos a combater isso. Se tiver duvida é bom esclarecer junto das estruturas de saúde.

 

Por isso reforça Conceição pinto “A informação é muito importante” acrescentando que " uma das coisas que estamos a fazer é ensinar as mulheres como se faz o autoexame da mama, como deve ser feito para que seja útil. Algumas fazem, mas de forma errada."

 

Mas, a autoavaliação por si só pode ser insuficiente. Haverá sempre necessidade de procurar um médico?

 

Infelizmente quando apalpamos, o nódulo já tem mais que três centímetros e considera-se que um nódulo com mais de dois centímetros já é preocupante. De qualquer forma sempre é melhor do que apanhar a doença nas fazes avançadas em que nós encontrávamos há alguns anos atrás.

 

Qual é o exame mais indicado para o diagnostico?

 

Dentro daqueles exames que estão disponíveis para o diagnostico precoce do cancro da mama, o exame indicado para mulheres com mais de 40 anos é a mamografia. Mas como, em Cabo Verde, nem todas as mulheres tem acesso a mamografia, algumas porque vivem em ilhas onde não existe tal equipamento, outras mesmo estando no sitio com equipamento não existe em quantidade suficiente que dá para fazer rastreio em todas as mulheres. Por isso, definiu-se como idade para exame de mamografia mulheres com mais de 40 anos.

Quando a mamografia não está acessível, a mulher deve preocupar-se em fazer o autoexame. É uma forma de estar atenta a mama. Temos consciência que não é o exame ideal mas melhor que nada.

 

É comum falar-se do cancro da mama nas mulheres e esquece-se dos homens. A percentagem é pequena, mas é uma realidade.

 

 "Um por cento (1%)" revela Conceição Pinto acrescentando que em Cabo Verde já foram registados casos de homens com cancro de mama. " Mas, infelizmente descoberto tardiamente, porque o homem não está atento. O que estamos a notar é que graças a Deus os homens também estão a ficar interessados no assunto, e querem saber informação. Alguns já sabem que os homens também podem ter cancro de mama, outros ainda ficam um bocadinho espantados. Por tanto, a ideia é também o diagnostico precoce. E, claro que não será com aquela periodicidade que as mulheres fazem."

 

Quais é que são os fatores de risco?

 

Quanto mais tempo a mulher estiver exposta a estrogénio, há mais hipótese de ter esta doença.

A idade é um dos grandes fatores de risco, porque conforme a mulher vai avançando na idade o risco vai aumentando.

A idade da primeira menstruação e a idade da ultima menstruação. Quando a mulher tem menstruação muito cedo e menopausa muito tarde, isto quer dizer que durante muito tempo esteve exposta as hormonas,

As mulheres que nunca tiveram filhos, as que não amamentaram e a obesidade são outros fatores de risco, mas não quer dizer que são causa direta do cancro.

E a herança genética. Isso é uma das coisas também que estamos atentos. Quando há risco na família, mulheres e homens têm um tipo de seguimento diferente, mais apertado.

 

Praticar atividade física, controlar o peso corporal e adotar uma alimentação saudável é fundamental.

 

Sim, porque alimentação e exercício estão ligados ao controlo de peso. E a obesidade é um dos fatores de risco para o cancro da mama, tendo em conta que a mulher quando é obesa há uma tendência para secreção de estrogénio através dos tecidos da massa gordurosa, quando ela não controla a alimentação, não cuida da alimentação, não faz exercício físico acaba por ter excesso de peso ou mesmo a obesidade que como já disse é um dos fatores de risco.

 

Em Cabo Verde há condições para que as mulheres diagnosticadas com a doença possam fazer o tratamento?

 

Depende do tratamento e depende do estádio da doença. Em Cabo Verde pode se fazer a cirurgia na praia a quimioterapia mas depois há outros meios de tratamentos que não temos, por isso é que uma boa parte das mulheres quando têm cancro são evacuadas para exterior, porque a doença quando diagnosticada atempadamente existe grande possibilidade de cura. 

 

Quais os procedimentos após uma suspeita de cancro de mama?

 

Quando a pessoa tem suspeita do cancro de mama essa pessoa é encaminhada por uma consulta própria dedicada ao cancro de mama, onde estão vários especialistas fazem as avaliações que devem fazer. E depois tem a vantagem que essas pessoas quando estão inscritas nessa consulta têm alguma prioridade dentro do hospital. E consoante o diagnóstico, a fase da doença e a idade do doente são tomadas decisões de evacuar para Portugal ou mandar fazer tratamento no centro do Hospital Agostinho Neto.

 

Existe uma estatística sobre o cancro da mama em Cabo Verde?

 

É um bocadinho complicado, porque uma boa parte das mulheres são evacuadas para Portugal. Temos uma estatística cá mas depois temos aquelas que estão lá. E como as estatísticas não são conjuntas fica difícil e alguns casos não são contabilizados. 

Segundo dados do Ministério de saúde, antigamente o cancro do colo do útero era o tipo de cancro que matava mais mulheres, agora a tendência esta a inverter o cancro da mama já passou a ser o cancro que causa mais mortes na mulher e notamos também que são diagnosticados mais casos.

 

Durante este mês, a LCCC tem realizando varias ações de sensibilização. Fala-nos dessas ações. 

 

Temos feito Varias tipos de atividades algumas nas comunidades, outras nas instituições públicas e privadas e também temos algumas atividades dirigidas aos profissionais de saúde. Portanto a capacitação dos profissionais de saúde é muito importante porque quanto mais preparado os profissionais de saúde estiverem melhor é a assistência que prestam aos doentes e aos seus familiares. 

Fizemos um curso de dois dias destinado aos enfermeiros, um simpósio dirigido a todos os profissionais de saúde com um grupo de especialistas de varias instituições de referencia em Portugal, porque hoje em dia o cancro é abordado de forma multidisciplinar. Tivemos também uma sessão dirigida ao publico em geral.

No domingo temos a caminhada rosa já vamos na 10 edição. Este ano as atividades estão centradas na comunidade de ribeirinha.

 

Qual é a mensagem que deixe a sociedade, no sentido de estar mais atenta a esta doença.

 

Em relação a sociedade é que o cancro da mama passou a ser um problema grave. Cada vez há mais casos e acaba por afetar a toda a gente, então é um problema da sociedade, um problema de saúde pública. Nós temos que estar atentos e tentar que as pessoas estejam informadas para que o diagnóstico seja feito o mais rapidamente possível. Em relação aos profissionais de saúde para que as mulheres sejam encaminhadas para tratamento o mais cedo possível, para que não haja demora em nenhuma fase, quer da parte da mulher quer da parte dos profissionais de saúde para que as coisas sejam feitas o mais rapidamente possível o que aumenta a chance de cura e evite aqueles tratamentos muito agressivos.

 

A 10 edição da Caminhada rosa, acontece no próximo domingo, 27, pelas 9h 30. A concentração será em frente a sede da liga. O percurso pelas ruas de Mindelo, passa pela zona de Ribeirinha e termina na Laginha.

 

Noviactual e Mais Mulher

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Neste dia da mulher cabo-verdiana, o Noviactual conversou com a presidente da Organização das Mulheres de Cabo Verde - OMCV em São Vicente, Fátima Balbina Lima, professora reformada e membro da OMCV desde a data da fundação em 1981.

 

 

Balbina dedica-se com boa vontade e espírito de sacrifício à causa feminina. Está a frente da OMCV, aproximadamente quatro anos, uma organização cujo trabalho social é notável com intervenções diversas junto das comunidades. Olha para os mais desfavorecidos e não esquece o futuro. Iniciativas que beneficiam, por exemplo, crianças fazem parte dos planos da OMCV para trabalhos de terreno no dia-a-dia.

 

 

A esse nível se se pensar que o papel da mulher ao nível da educação dos filhos é de destaque na sociedade cabo-verdiana, então, o trabalho social da OMCV que se intensifica no março mês da Mulher é ainda mais notável. Trabalho que neste mês de março e, sobretudo no dia 27, confunde-se de certa maneira com o ambiente festivo das celebrações do aniversário da OMCV que completa 38 anos de vida.

 

 

Claro! Aniversario é festa, é celebração. É preciso estar-se linda. É momento também de aproximação do salão de beleza, da OMCV, que ofereceu beleza às mulheres que passaram pela sede da organização durante o dia da mulher cabo-verdiana.

 

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Esta é uma organização com história que já se aproxima dos 40. A presidente da OMCV - São Vicente sente que já se fez um longo caminho. 

 

"É uma longa caminhada. Ao longo dos anos a OMCV sempre teve um papel, a nível nacional, junto das mulheres que era lutar, preparar a emancipação. Hoje já não faz sentido falar de emancipação, mas sim, falar de igualdade e equidade do género. Ao longo desses anos a OMCV sempre tem ido ao encontro das necessidades da camada mais vulnerável. Temos organizado e realizado formações para capacitar mulheres no sentido de elas sentirem-se empoderadas e poderem participar no desenvolvimento socioeconómico, político do país. Temos feito muito, mas ainda há muito por fazer e estamos aquém daquilo que nós temos programado. A nossa procura por parcerias, por projetos, por donativos é permanente porque falte-nos ainda a capacidade financeira para realizar tudo o que gostaríamos de fazer junto das mulheres seja nos centros urbanos, seja na periferia da cidade."

 

Quais é que são os desafios do dia-a-dia da Organização? 

 

"É poder responder a demanda aqui na OMCV. Diariamente as mulheres procuram a OMCV perguntando sobre formações, muitas delas à procura de emprego. Quando não conseguimos dar resposta encaminhamo-las para as outras instituições como Câmara Municipal, Centro de Emprego, Pro Empresa, Morabi. Essa é uma luta de todos e devemos trabalhar em união porque juntos podemos fazer muito mais. Se perguntar se estou satisfeita, estou sim. Mas gostaria de conseguir fazer muito mais e esse muito mais depende de uma maior envolvência com as outras instituições seja pública, seja privada."

 

Como é que analisa o papel e os desafios da mulher cabo-verdiana na sociedade atual ao nível, por exemplo, do poder? 

 

"A mulher cabo-verdiana ao longo desses anos teve uma evolução muito grande se compararmos os anos da independência de Cabo Verde e hoje vamos ver que houve uma grande evolução. Temos mulher em todas as esferas da sociedade cabo-verdiana. A mulher está a conquistar o seu espaço, está a cumprir o seu papel, e está sendo respeitada por seu mérito. A mulher demonstrou ao longo desses anos que é capaz, tudo depende dela. 

 

É claro que ainda a sociedade tende a dizer que há papéis para mulheres e há papéis para homens e, a mulher está a responder a isso de forma positivamente. Mas precisámos ainda de mais mulheres nos cargos politicos, nas chefias, nas tomadas de decisões, nas diretrizes das empresas sejam públicas ou privadas. As mulheres sempre estão lá atrás e queremos que elas se perfilem na linha de frente."

 

Fátima Balbina percebe que o que falta agora é a contribuição das mulheres que estando mais evoluídas devem ajudar as ONGs e Associações, a trabalharem para as outras que estão menos evoluídas.

 

No dia da mulher cabo-verdiana Fátima Balbina Lima dirigiu-se às mulheres no país e na diáspora.

 

A todas as mulheres cabo-verdianas, no país e na diáspora, quero dizer, e agora falo como mulher cabo-verdiana e não como OMCV, Somos capazes. Somos responsáveis para a educação de todos, porque se começarmos essa educação em casa, com os filhos, educa-los no sentido de igualdade, no pleno sentido da palavra, educa-los no sentido das oportunidades, teremos uma sociedade cada vez melhor. E, tudo depende da mulher, ela é que comanda a educação, no verdadeiro sentido da palavra. Mas gostaria de dizer que nós somos capazes e podemos chegar lá onde quisermos. Continuem essa luta sem desanimo. 

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Mário (Maiúca) Gomes  define-se como um rapaz curioso. É maestro do Mindel Samba, constrói instrumentos musicais de percussão e é serralheiro. Os dotes deste jovem artista não ficam por aqui, Maiúca faz ainda acessórios para o Carnaval.

 

No Quintal das Artes, a direita vê-se um espaço com uma armação feita de chapa de tambor é ali a oficina e a sede do Mindel Samba. É neste espaço que o jovem transpira as ideias e transformam-nas em peças de arte deslumbrantes e originais.

 

Este jovem que vem de uma família de artistas tem mão para tudo, descobriu cedo a arte e cedo descobriu também que era a arte que queria fazer pelo resto da sua vida.

 

Recordas como tudo começou?

 

Não…não me lembro. Aconteceu de forma espontânea. Comecei a tocar no Batucada Mindelo aos 11, 12 anos. Em 2014 eu e mais três irmãos formamos o Mindel Samba e, como sou um rapaz curioso, um dia resolvi fazer um tambor, depois de varias tentativas falhadas consegui e, com o tempo fui-me aperfeiçoando. 

 

É fácil encontrar matéria-prima?

 

Uma parte sim... o corpo, os arcos e os vergões encontramos aqui, mas a pele sintética que usamos nos tambores é importada do Brasil que nos impõe alguma dificuldade. 

 

Que tipo de instrumento constrói e qual o desempenho de cada um na bateria?

 

O Bombo, por exemplo, que é a base da bateria tem som mais grave. O corpo é feito de metal ou platex e usamos pele sintética. Os arcos são feitos com vergalhão, barra de 10, depois o varão roscado. Normalmente faço cinco medidas de 18, 20, 22, 24 e 26 polegadas.

Já Caixa, de 14 polegadas, que tem som agudo é o ritmo da bateria. Tamborim de 6 polegadas fica à frente da bateria. E Repinique marca o tempo e temos duas medidas 10 e 12 polegadas.

Faço ainda Chocalho que sustenta o ritmo e Agogô, instrumento muito utilizado pelos mandingas. 

 

Para além dos instrumentos musicais o que mais faz?

 

Faço também acessórios, fantasias usados no carnaval. Trabalhei já com figurinos de grupos como Vindos do Oriente, Cruz João Évora e alguns de Monte Sossego.

 

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Como e quando nasce o Mindel Samba?

 

O Mindel Samba foi criado em 2014. É um projeto de quatro irmãos.  Nando, Luís, Nhela e eu. O Nando é o primeiro maestro. Todos os anos o Mindel Samba sai no carnaval do Mindelo. Não temos um grupo fixo estamos sempre abertos a propostas. No entanto, há 3 anos que trabalhamos com o grupo Cruzeiros do Norte.

 

 

O Mindel Samba já tem mais de 120 elementos e trabalha com percussionistas a partir dos 12 anos, sublinhe-se, sob orientação do Maiúca que confessa-se feliz com o que faz e não se fique apenas pelas artes carnavalescas é também serralheiro.

 

“Sim. Sou serralheiro desde os 14 anos mas só em 2012 comecei a trabalhar por conta própria. Tenho os meus clientes fixos, graças a Deus. Trabalho com ferro e alumínio faço portas, janelas, mobílias e acessórios de cozinha.”

 

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É bem na entrada do Quintal das Artes, do lado direito, que encontramos Thêsilkeartes um projeto que respira arte de reciclar e onde tudo se aproveita desde dentes de tubarão, areia ou terra.

 

Esta semana conversamos com o casal Lizardo, Casar (Tchê) e a mulher Silke. Uma alemã e um cabo-verdiano que estão juntos na vida e nas artes.

 

Silke apaixonou-se por Cabo Verde e desde 2010 vive nas ilhas crioulas. Tchê é artesão começou a dar os primeiros passos no artesanato ainda nos anos 80.

 

O nome do atelier Thêsilkearte surge da junção do nome de Tchê e da mulher Silke e a arte aparece como a cereja em cima do bolo.

 

Com este projeto o Casal Lizardo pretende mostrar que é possível transformar materiais como areia, terra, búzio ou outro em algo maravilhoso e diferente. Reciclando, o custo monetário é menos mas o trabalho é mais moroso e pormenorizado para que o produto final tenha qualidade.

 

As ideias surgem e o casal concretizam-nas com perfeição para que possam surgir peças que acima de tudo primam pela originalidade.

 

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Como é que chegam a estas maravilhas?

 

Tchê - Tento fazer algo diferente. O meu objetivo é tentar criar algo novo, algo que ainda não foi feito, embora seja quase impossível, mas inspiro e faço diferente. Por exemplo a técnica de areia, ainda não cheguei onde quero chegar estou no caminho. A técnica de areia não foi a minha invenção mas tento fazer algo diferente do que já existe.

 

Silke - Se tiver os materiais, os equipamentos todos… quando estou concentrada é como uma terapia e é bom para relaxar. É preciso amor para fazer artesanato.

 

Já vi que o vosso trabalho é tudo na base de reciclagem...

 

Tchê - Trabalhamos com reciclagem, material orgânico, dentes de tubarão, areia, búzio. Trabalhamos com o que a natureza nos oferece, com o que o nosso país tem. E procuramos inspirar outros jovens mostrando-os que é possível transformar algo de natureza em belas artes. As pessoas ficam admiradas com as molduras de espelho feito de areia, com o quadro feito de areia e terra ou com os pulseiras feitas com matéria-prima retirada de bananeira. Pretendemos mostrar Cabo Verde através dos nossos trabalhos.

 

Silke - Em Cabo Verde temos muitas coisas, a natureza é matéria-prima para muita arte que fazemos aqui.

 

[Sobre a falta de direitos autorais] “Eu sinto muito prejudicado. Somos muito eu crio e depois alguém rouba e é um roubo que você não tem onde queixar.” Tchê Lizardo

 

Como e quando o artesanato surge nas vossas vidas?

 

Tchê - Desde muito cedo, ainda rapazinho fazia brinquedos, carros de lata e outras coisas e de repente percebi que poderia ser o meu ganha-pão. E a partir dos anos 80 comecei a trabalhar com dentes de tubarão, depois bijutarias e mais tarde aprendi a esculpir, tudo isso num processo de aprendizagem que contou com ajuda de alguns amigos.

 

Silke - Estou em Cabo Verde desde 2010 e aprendi artesanato com o Tchê em 2012. Desde então já aprendi muitas coisas. Faço as minhas bijutarias colares, brincos e às vezes ajudo Tchê na confeção dos quadros.

 

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Na vossa opinião quais as principais dificuldades do mercado?

 

Tchê - Neste momento temos muita arte que não é nacional. Temos arte chinesa, arte africana e muita imitação. Por exemplo crio algo coloco no mercado por um determinando preço, de repente alguém copia a ideia e vende por um preço mais barato. Eu sinto muito prejudicado. Somos muitos eu crio e depois alguém rouba e é um roubo que você não tem onde queixar. Por exemplo passei quase três anos a criar uma peça coloquei-a no mercado foi copiada e vendida a um preço muito mais baixo do que o preço original.

 

Consegue-se viver só de artesanato?

 

Tchê - Não… Viver de artesanato é bastante difícil. Praticamente há poucas pessoas que arriscam dizer que vivem exclusivamente de artesanato. Eu e a minha mulher somos também guias de turismo, as duas profissões se complementam. Para viver de artesanato é preciso ter uma boa clientela.

 

Silke - tenho uma formação em guia de turismo que é muito bom, pois aqui vem muitos turistas, eles gostam de ver os artesãos a trabalhar e tem muito interesse no artesanato e na maneira como é feito em Cabo Verde.

 

E relativamente as vendas?

 

Tchê - É razoável, o artesanato vende por época. Há época em que se vende muito e outros em que se venda quase nada. Vendemos mais quando temos turistas que são os nossos maiores clientes. Mas também temos clientes emigrantes e pessoas locais.

 

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Dando continuidade as entrevistas com os artistas do Quintal das artes, hoje os nossos convidados são Nanda e Neusa Gomes duas irmãos que, há pouco mais de um mês, fazem parte da família dos artistas do Quintal das artes. O espaço onde trabalham chama-se “Artes e consertos”, ali as irmãs costuram, fazem trabalhos artesanais e arranjam roupa.

 

Há já algum tempo que as duas trabalham nesta área, mas só agora resolveram investir e criar o seu próprio negócio. 

 

Em declarações ao Noviactual, Nanda e Neusa Gomes falam do projeto em comum que agora começa, das dificuldades do mercado e do que pretendem fazer nos próximos meses.

 

Como é que inspiras para criar as tuas artes?

 

Neusa - Eu quase que não me inspiro. Pego e faço. Por exemplo para fazer chinelos pesquiso e quando encontro algo interessante acrescento as minhas ideias. 

 

Como perceberam o vosso talento?

 

Neusa - É de família. Está no sangue. Quase toda a família faz alguma coisa em arte.

 

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As duas irmãs trabalham no artesanato e costura há muito tempo. Uma delas, por exemplo, Nanda tem quase 20 anos de experiência. Perante dificuldades do mercado de trabalho, as irmãs decidiram que ter um negócio próprio seria melhor opção, daí criaram “Artes e consertos”. 

 

Fala-nos deste projeto e de quando começaram.

 

Nanda - há muito tempo que faço costura desde 1998/99 mas trabalhava para terceiros, há pouco mais de um mês a minha irmã e eu resolvemos investir e trabalhar por conta própria. Muitas pessoas têm aparecido e apreciado o nosso trabalho. Sinto que este nosso projeto tem pernas para andar.

 

Neusa- faço por exemplo enxoval de bebe há muito tempo, só que fazia apenas por encomenda. Mas agora temos o nosso espaço, aqui estão todos os nossos produtos. Já fizemos muitas coisas e vamos fazer muito mais. 

 

O que é que se pode encontrar aqui?

 

Nanda - Fazemos muita coisa. Mas ainda não costuramos roupa, apenas fazemos fardas e batas de escola e do jardim. Fazemos artesanato em garrafas, chapéus, enxoval de bebe, bolsas, carteiras, pegas de semana para cozinha, chinelos personalizados, mas também arranjamos roupas.

 

Como é que tem reagido o mercado relativamente a esses produtos?

 

Neusa - É relativamente a preços. As pessoas não valorizam os trabalhos artesanais, não valorizam o trabalho dos artistas. Podem até gostar do produto mas reclamam sempre do preço. Compramos matéria-prima a um determinado preço, acrescentamos mão de obra e quando damos o preço ao cliente reclamam. Acham muito caro mas não sabem o preço que compramos a matéria-prima e nem o esforço que fazemos para pôr um produto de qualidade a venda. 

 

Como é que divulguem os vossos produtos?

 

Neusa – através do facebook e no site do Quintal das artes. 

 

Que planos têm para os próximos meses?

 

Neusa - Pretendemos participar em feiras para divulgar mais o nosso produto. Recentemente soubemos de uma feira que vai-se realizar, em breve, estamos a preparar para participar. Começamos agora esse nosso projeto e queremos continuar, criar muito mais e sei que vamos conseguir.

 

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