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Noviactual

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A 5ª edição da Feira do Artesanato e do Design de Cabo Verde  está marcada pela pandemia do Coronavírus. Por isso, este ano a versão é diferente. O evento realiza-se em São Vicente, e nas ilhas devido a condicionamentos impostos pelo Covid 19 que limita a presença fisica dos expositores na feira do Mindelo. 

 

Entre 25 a 29 de novembro Artesãos e Designer do país, inscritos na URDI 2020, vão ter a oportunidade de expor as suas artes ao público. O palco principal continua a ser a Praça Nova do Mindelo.

 

A feira é realizada sob medidas de segurança sanitaria recomendadas pelas autoridades de saúde.

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A URDI, feira do artesanato e do Design decorre na Praça Nova, no Mindelo e conta com convidados vindos da Guiné Bissau, Angola, Portugal Continental e Açores, Brasil, Espanha e Bélgica.

 

"Música – Poéticas Visuais" é tema da 4ª edição do evento que homenageia o mestre Batista.

 

"URDI é uma boa oportunidade para divulgar os nossos produtos", esta é a opinião unânime dos artistas, presentes na feira, que o Noviactual conversou.

 

Carlos Gomes

 

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Carlos Gomes vem de Santiago. É artesão desde a década de noventa. No seu stand pode-se encontrar estatuetas que representam a cultura tradicional de Cabo Verde. "Uso fio elétrico para fazer a estrutura. Gesso e cola branca para as mãos, os pés, a cabeça e o corpo. Para as roupas, uso fibra vegetal nacional." Carlos dedica-se, também, à trabalhos de reciclagem com clips.

 

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Paulo Melo

 

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Foto: Reprodução Facebook

 

É da ilha de São Miguel, nos Açores. Paulo Melo representa a Família Correia. A Mãe e as irmãs usam folhas de milho para fazerem as suas criações há mais de 30 anos. "Em tempos idos, por alturas da desfolhada, era costume fazerem-se bonecos para as crianças mais abastadas, utilizando como matéria-prima as folhas que revestem as maçarocas e as barbas de milho. Ao longo dos anos as bonecas foram sendo aperfeiçoadas e hoje tornaram-se motivo decorativo e de coleção."

 

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Marina Mendonça

 

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Foto: Reprodução Facebook

 

A sua arte é cerâmica. Marina Mendonça também vem dos Açores, ilha de Santa Maria. É a primeira vez em Cabo Verde e está a gostar de cá estar. "O clima é quente, ótimo para os trabalhos com cerâmica. Assim demoraria menos tempo a produzir uma peça". Mendonça mostra-se satisfeita com o interesse do público para com as história das peças. "As pessoas estão a gostar da história das peças. É um trabalho influenciado por pequenas histórias de infância, na ilha de Santa Maria, nos Açores como a dos monstros".

 

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Maria da Luz (Lutchinha)

 

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Chama-se Maria da Luz ou Lutchinha, trabalha com renda e costura desde muito novinha. No seu stand pode-se encontrar vários produtos em rendas desde roupas de bebés, conjuntos de cozinha e vestidos. Para Lutchinha "a URDI é uma grande oportunidade. Ajuda-nos a divulgar o nosso trabalho".

 

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Âmbara da Rosa

 

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Foto: Reprodução Facebook

 

É uma jovem mindelense que vive em Santiago. Âmbara da Rosa faz bijutarias e acessórios desde colares, brincos e pulseiras. Âmbara disse estar a gostar da feira. "É a minha primeira vez na URDI. Estou a gostar da experiência. É cansativa mas é uma boa experiência". 

 

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Público 

 

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O Público tem gostado da feira. "A URDI é uma boa iniciativa. Permite-nos conhecer artistas de várias ilhas e países e saber o que andam a fazer em termos de arte". Paula, Samira e Lenize acreditam que a Feira de Artesanato e Design é uma boa alternativa para começar a comprar os presentinhos de natal para oferecer amigos e familiares.

 

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Mário (Maiúca) Gomes  define-se como um rapaz curioso. É maestro do Mindel Samba, constrói instrumentos musicais de percussão e é serralheiro. Os dotes deste jovem artista não ficam por aqui, Maiúca faz ainda acessórios para o Carnaval.

 

No Quintal das Artes, a direita vê-se um espaço com uma armação feita de chapa de tambor é ali a oficina e a sede do Mindel Samba. É neste espaço que o jovem transpira as ideias e transformam-nas em peças de arte deslumbrantes e originais.

 

Este jovem que vem de uma família de artistas tem mão para tudo, descobriu cedo a arte e cedo descobriu também que era a arte que queria fazer pelo resto da sua vida.

 

Recordas como tudo começou?

 

Não…não me lembro. Aconteceu de forma espontânea. Comecei a tocar no Batucada Mindelo aos 11, 12 anos. Em 2014 eu e mais três irmãos formamos o Mindel Samba e, como sou um rapaz curioso, um dia resolvi fazer um tambor, depois de varias tentativas falhadas consegui e, com o tempo fui-me aperfeiçoando. 

 

É fácil encontrar matéria-prima?

 

Uma parte sim... o corpo, os arcos e os vergões encontramos aqui, mas a pele sintética que usamos nos tambores é importada do Brasil que nos impõe alguma dificuldade. 

 

Que tipo de instrumento constrói e qual o desempenho de cada um na bateria?

 

O Bombo, por exemplo, que é a base da bateria tem som mais grave. O corpo é feito de metal ou platex e usamos pele sintética. Os arcos são feitos com vergalhão, barra de 10, depois o varão roscado. Normalmente faço cinco medidas de 18, 20, 22, 24 e 26 polegadas.

Já Caixa, de 14 polegadas, que tem som agudo é o ritmo da bateria. Tamborim de 6 polegadas fica à frente da bateria. E Repinique marca o tempo e temos duas medidas 10 e 12 polegadas.

Faço ainda Chocalho que sustenta o ritmo e Agogô, instrumento muito utilizado pelos mandingas. 

 

Para além dos instrumentos musicais o que mais faz?

 

Faço também acessórios, fantasias usados no carnaval. Trabalhei já com figurinos de grupos como Vindos do Oriente, Cruz João Évora e alguns de Monte Sossego.

 

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Como e quando nasce o Mindel Samba?

 

O Mindel Samba foi criado em 2014. É um projeto de quatro irmãos.  Nando, Luís, Nhela e eu. O Nando é o primeiro maestro. Todos os anos o Mindel Samba sai no carnaval do Mindelo. Não temos um grupo fixo estamos sempre abertos a propostas. No entanto, há 3 anos que trabalhamos com o grupo Cruzeiros do Norte.

 

 

O Mindel Samba já tem mais de 120 elementos e trabalha com percussionistas a partir dos 12 anos, sublinhe-se, sob orientação do Maiúca que confessa-se feliz com o que faz e não se fique apenas pelas artes carnavalescas é também serralheiro.

 

“Sim. Sou serralheiro desde os 14 anos mas só em 2012 comecei a trabalhar por conta própria. Tenho os meus clientes fixos, graças a Deus. Trabalho com ferro e alumínio faço portas, janelas, mobílias e acessórios de cozinha.”

 

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A Praça nova é o palco da URBI. A edição deste ano conta com 144 expositores nacionais e estrangeiros.  

 

A feira decorre até 2 de dezembro sob o lema " A importância do Centro Nacional de Artesanato na Criação de uma identidade visual cabo-verdiana".

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É bem na entrada do Quintal das Artes, do lado direito, que encontramos Thêsilkeartes um projeto que respira arte de reciclar e onde tudo se aproveita desde dentes de tubarão, areia ou terra.

 

Esta semana conversamos com o casal Lizardo, Casar (Tchê) e a mulher Silke. Uma alemã e um cabo-verdiano que estão juntos na vida e nas artes.

 

Silke apaixonou-se por Cabo Verde e desde 2010 vive nas ilhas crioulas. Tchê é artesão começou a dar os primeiros passos no artesanato ainda nos anos 80.

 

O nome do atelier Thêsilkearte surge da junção do nome de Tchê e da mulher Silke e a arte aparece como a cereja em cima do bolo.

 

Com este projeto o Casal Lizardo pretende mostrar que é possível transformar materiais como areia, terra, búzio ou outro em algo maravilhoso e diferente. Reciclando, o custo monetário é menos mas o trabalho é mais moroso e pormenorizado para que o produto final tenha qualidade.

 

As ideias surgem e o casal concretizam-nas com perfeição para que possam surgir peças que acima de tudo primam pela originalidade.

 

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Como é que chegam a estas maravilhas?

 

Tchê - Tento fazer algo diferente. O meu objetivo é tentar criar algo novo, algo que ainda não foi feito, embora seja quase impossível, mas inspiro e faço diferente. Por exemplo a técnica de areia, ainda não cheguei onde quero chegar estou no caminho. A técnica de areia não foi a minha invenção mas tento fazer algo diferente do que já existe.

 

Silke - Se tiver os materiais, os equipamentos todos… quando estou concentrada é como uma terapia e é bom para relaxar. É preciso amor para fazer artesanato.

 

Já vi que o vosso trabalho é tudo na base de reciclagem...

 

Tchê - Trabalhamos com reciclagem, material orgânico, dentes de tubarão, areia, búzio. Trabalhamos com o que a natureza nos oferece, com o que o nosso país tem. E procuramos inspirar outros jovens mostrando-os que é possível transformar algo de natureza em belas artes. As pessoas ficam admiradas com as molduras de espelho feito de areia, com o quadro feito de areia e terra ou com os pulseiras feitas com matéria-prima retirada de bananeira. Pretendemos mostrar Cabo Verde através dos nossos trabalhos.

 

Silke - Em Cabo Verde temos muitas coisas, a natureza é matéria-prima para muita arte que fazemos aqui.

 

[Sobre a falta de direitos autorais] “Eu sinto muito prejudicado. Somos muito eu crio e depois alguém rouba e é um roubo que você não tem onde queixar.” Tchê Lizardo

 

Como e quando o artesanato surge nas vossas vidas?

 

Tchê - Desde muito cedo, ainda rapazinho fazia brinquedos, carros de lata e outras coisas e de repente percebi que poderia ser o meu ganha-pão. E a partir dos anos 80 comecei a trabalhar com dentes de tubarão, depois bijutarias e mais tarde aprendi a esculpir, tudo isso num processo de aprendizagem que contou com ajuda de alguns amigos.

 

Silke - Estou em Cabo Verde desde 2010 e aprendi artesanato com o Tchê em 2012. Desde então já aprendi muitas coisas. Faço as minhas bijutarias colares, brincos e às vezes ajudo Tchê na confeção dos quadros.

 

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Na vossa opinião quais as principais dificuldades do mercado?

 

Tchê - Neste momento temos muita arte que não é nacional. Temos arte chinesa, arte africana e muita imitação. Por exemplo crio algo coloco no mercado por um determinando preço, de repente alguém copia a ideia e vende por um preço mais barato. Eu sinto muito prejudicado. Somos muitos eu crio e depois alguém rouba e é um roubo que você não tem onde queixar. Por exemplo passei quase três anos a criar uma peça coloquei-a no mercado foi copiada e vendida a um preço muito mais baixo do que o preço original.

 

Consegue-se viver só de artesanato?

 

Tchê - Não… Viver de artesanato é bastante difícil. Praticamente há poucas pessoas que arriscam dizer que vivem exclusivamente de artesanato. Eu e a minha mulher somos também guias de turismo, as duas profissões se complementam. Para viver de artesanato é preciso ter uma boa clientela.

 

Silke - tenho uma formação em guia de turismo que é muito bom, pois aqui vem muitos turistas, eles gostam de ver os artesãos a trabalhar e tem muito interesse no artesanato e na maneira como é feito em Cabo Verde.

 

E relativamente as vendas?

 

Tchê - É razoável, o artesanato vende por época. Há época em que se vende muito e outros em que se venda quase nada. Vendemos mais quando temos turistas que são os nossos maiores clientes. Mas também temos clientes emigrantes e pessoas locais.

 

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