Noviactual © 2010 - 2016 | Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves
Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Carmo 16 Jul 18
É bem na entrada do Quintal das Artes, do lado direito, que encontramos Thêsilkeartes um projeto que respira arte de reciclar e onde tudo se aproveita desde dentes de tubarão, areia ou terra.
Esta semana conversamos com o casal Lizardo, Casar (Tchê) e a mulher Silke. Uma alemã e um cabo-verdiano que estão juntos na vida e nas artes.
Silke apaixonou-se por Cabo Verde e desde 2010 vive nas ilhas crioulas. Tchê é artesão começou a dar os primeiros passos no artesanato ainda nos anos 80.
O nome do atelier Thêsilkearte surge da junção do nome de Tchê e da mulher Silke e a arte aparece como a cereja em cima do bolo.
Com este projeto o Casal Lizardo pretende mostrar que é possível transformar materiais como areia, terra, búzio ou outro em algo maravilhoso e diferente. Reciclando, o custo monetário é menos mas o trabalho é mais moroso e pormenorizado para que o produto final tenha qualidade.
As ideias surgem e o casal concretizam-nas com perfeição para que possam surgir peças que acima de tudo primam pela originalidade.
Como é que chegam a estas maravilhas?
Tchê - Tento fazer algo diferente. O meu objetivo é tentar criar algo novo, algo que ainda não foi feito, embora seja quase impossível, mas inspiro e faço diferente. Por exemplo a técnica de areia, ainda não cheguei onde quero chegar estou no caminho. A técnica de areia não foi a minha invenção mas tento fazer algo diferente do que já existe.
Silke - Se tiver os materiais, os equipamentos todos… quando estou concentrada é como uma terapia e é bom para relaxar. É preciso amor para fazer artesanato.
Já vi que o vosso trabalho é tudo na base de reciclagem...
Tchê - Trabalhamos com reciclagem, material orgânico, dentes de tubarão, areia, búzio. Trabalhamos com o que a natureza nos oferece, com o que o nosso país tem. E procuramos inspirar outros jovens mostrando-os que é possível transformar algo de natureza em belas artes. As pessoas ficam admiradas com as molduras de espelho feito de areia, com o quadro feito de areia e terra ou com os pulseiras feitas com matéria-prima retirada de bananeira. Pretendemos mostrar Cabo Verde através dos nossos trabalhos.
Silke - Em Cabo Verde temos muitas coisas, a natureza é matéria-prima para muita arte que fazemos aqui.
[Sobre a falta de direitos autorais] “Eu sinto muito prejudicado. Somos muito eu crio e depois alguém rouba e é um roubo que você não tem onde queixar.” Tchê Lizardo
Como e quando o artesanato surge nas vossas vidas?
Tchê - Desde muito cedo, ainda rapazinho fazia brinquedos, carros de lata e outras coisas e de repente percebi que poderia ser o meu ganha-pão. E a partir dos anos 80 comecei a trabalhar com dentes de tubarão, depois bijutarias e mais tarde aprendi a esculpir, tudo isso num processo de aprendizagem que contou com ajuda de alguns amigos.
Silke - Estou em Cabo Verde desde 2010 e aprendi artesanato com o Tchê em 2012. Desde então já aprendi muitas coisas. Faço as minhas bijutarias colares, brincos e às vezes ajudo Tchê na confeção dos quadros.
Na vossa opinião quais as principais dificuldades do mercado?
Tchê - Neste momento temos muita arte que não é nacional. Temos arte chinesa, arte africana e muita imitação. Por exemplo crio algo coloco no mercado por um determinando preço, de repente alguém copia a ideia e vende por um preço mais barato. Eu sinto muito prejudicado. Somos muitos eu crio e depois alguém rouba e é um roubo que você não tem onde queixar. Por exemplo passei quase três anos a criar uma peça coloquei-a no mercado foi copiada e vendida a um preço muito mais baixo do que o preço original.
Consegue-se viver só de artesanato?
Tchê - Não… Viver de artesanato é bastante difícil. Praticamente há poucas pessoas que arriscam dizer que vivem exclusivamente de artesanato. Eu e a minha mulher somos também guias de turismo, as duas profissões se complementam. Para viver de artesanato é preciso ter uma boa clientela.
Silke - tenho uma formação em guia de turismo que é muito bom, pois aqui vem muitos turistas, eles gostam de ver os artesãos a trabalhar e tem muito interesse no artesanato e na maneira como é feito em Cabo Verde.
E relativamente as vendas?
Tchê - É razoável, o artesanato vende por época. Há época em que se vende muito e outros em que se venda quase nada. Vendemos mais quando temos turistas que são os nossos maiores clientes. Mas também temos clientes emigrantes e pessoas locais.
Muito bom !Amilcar Cabral fez história
Faz falta professores formados e sensibilizados pa...
Gostei muito!
Estou lendo o livro AFRICA. VIDA SELVAGEM e este l...
Foi a minha estreia na leitura de Lídia Jorge e go...